A Segunda Jornada de Criminologia Cultural aconteceu esta semana, no auditório da Sead, e teve como destaque o professor de criminologia da Universidade de Copenhague, Keith Hayward. O evento foi coordenado pelo professor da FURG Salah H. Khaled Jr., que atua em pesquisa em colaboração com Hayward, o professor Álvaro Oxley da Rocha (Instituto Brasileiro de Criminologia Cultural) – que participou da Jornada – e Jeff Ferrell (Texas Christian University). Além disso, outros pesquisadores da área fizeram parte das mesas de debate durante os dois dias.
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Questões como inteligência artificial, representação, redes sociais e eleições foram discutidas e apresentadas, deixando os alunos bastante “interessados e fascinados”, de acordo com o organizador do evento. “Essas questões são discutidas na minha disciplina de criminologia, uma disciplina que tem quase 100 alunos. Como pensamos essa questão criminal desde a perspectiva cultural, é uma abordagem macro que acaba contemplando muitos aspectos de uma sociedade dividida, em conflito, em guerra cultural, como é o contexto que nós estamos enfrentando”, explicou o professor Salah.
Ele ainda ressaltou a importância da presença de Hayward durante a Jornada. “O professor Keith é um dos fundadores da criminologia cultural, que é a matriz mais relevante de perspectivas da atualidade sobre questão criminal no mundo inteiro. Ele é uma referência mundial, então é uma demonstração do quanto a faculdade de Direito da FURG hoje está inserida dentro do cenário internacional”.
Durante sua fala, o professor britânico ressaltou que teorias reducionistas ainda são usadas por criminologistas: “eu sou crítico dessa criminologia convencional e o uso dessas ‘teorias zumbis’ principalmente porque elas negligenciam a cultura e seus efeitos”. Hayward também usou da sua própria história, durante os anos de pós-graduação, para explicar como criou a criminologia cultural, junto com outros pesquisadores, principalmente com o objetivo de trazer novos métodos, perspectivas e aproximações.
Visitando o extremo sul do Brasil pela primeira vez, o britânico se mostrou muito satisfeito com a oportunidade de falar com os estudantes e de conhecer a estrutura do campus da universidade. Ainda, salientou a relação do crime com a política: “crime é um assunto altamente politizado. Para os políticos, usar o argumento de resistência e abominação do crime funciona bastante. Mas isso é problemático porque nunca é baseado em evidências, ligado a teorias ou ao trabalho que os criminologistas realmente fazem. Então existe um tipo de tensão entre as pesquisas que nós fazemos e a mensagem que passamos e o que acontece, independentemente, no meio político em torno do crime”.