POESIA

Poeta Sergio Vaz trouxe à FURG a resistência da literatura periférica

Em bate papo descontraído artista falou sobre seus 30 anos de carreira

Foto: Altemir Viana

Na noite de quinta-feira, 16, o Cidec-Sul da FURG estava repleto de alunos, professores e da comunidade em geral, para prestigiar e ouvir o poeta e agitador cultural Sérgio Vaz. O artista veio pela segunda vez a Rio Grande a convite da Diretoria de Arte e Cultura (DAC) e participou da programação da 9ª Semana Acadêmica de Letras, no Sarau Estudantil “O manifesto dos silenciados”.

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A professora Luciana Coronel do Instituto de Letras e Artes (ILA) dividiu o palco com o artista e ao iniciar sua fala disse que, “a resistência não é só dizer não, mas sim propor algo no lugar, e é isso que vamos fazer nesta noite, com a presença de Sérgio Vaz, pois entendemos que a literatura e a cultura também são feitas por aqueles que não frequentaram os bancos acadêmicos”, afirmou a professora.

Incentivo e fomento da cultura

Sérgio Vaz tem 30 anos de carreira e traz em sua bagagem a luta, a vivência e as diferentes faces da literatura periférica. Criador da Cooperativa Cultural da Periferia (Cooperifa), o poeta realiza semanalmente em um bar da periferia de São Paulo um sarau que reúne cerca de 300 pessoas, que vão para ouvir e falar poesia. Sobre esse movimento, Sérgio comentou que, “existem só dois lugares que reúnem um grande número de pessoas, a igreja e o bar; eu respeito qualquer religião, mas prefiro o bar. O bar é um centro cultural, lá a gente desce do pedestal. O bar e a rua foram minha universidade”, declarou o poeta.

Sobre a importância do investimento do Estado em educação e cultura, o artista mencionou que, “é função do Estado produzir e fomentar a cultura, isso não é um presente, é um direito. Um país sem cultura e educação não é um país, nunca vai ser uma nação. O país precisa estar em todos os cantos, lugares e regiões fomentando e proporcionando a educação. Quando ele retira as leis de incentivo, é algo muito grave, isso mostra o quão importante é a cultura e do medo que os governantes têm que se faça cultura neste país. Os tiranos, quando chegam ao poder, a primeira coisa que fazem é destruir a cultura, porém ela está a serviço do trabalhador. Porque suportar o dia a dia sem cultura e sem a arte é para poucos”, refletiu Sérgio.

Literatura como resistência

O poeta chegou à cidade um dia depois das manifestações que ocorreram em todo o país contra os cortes anunciados pelo Ministério da Educação (MEC) afetando Universidades e Institutos Federais. O artista contou um pouco sobre o papel da arte e da poesia dentro deste contexto. “O papel da arte é fundamental, porque vi pessoas segurando cartazes com dizeres de poetas e poetisas. Talvez seja isso que o artista esteja precisando, de saber quem se é. Essa é a sociedade que não se entrega, e a arte tem que caminhar junto”, argumentou ele.
Sérgio encerrou a entrevista antes de iniciar sua participação na Semana Acadêmica afirmando que, “nós não estamos sozinhos, temos que ir atrás das pessoas que são como nós, temos que estar com quem se ama. Eu completei 30 anos de caminhada e não foi por acaso, foi para hoje estar aqui nesta cidade conversando com vocês. Não sei se tudo que faço é perfeito, mas é da melhor forma possível”, disse ele.

O poeta

Sérgio Vaz é poeta e agitador cultural, autor de oito livros e já palestrou no México, Inglaterra e Alemanha. Cofundador do Sarau da Cooperifa, é também criador dos projetos Cinema na Laje, Poesia nos Muros e Poesia Contra Violência, que percorre as escolas públicas de São Paulo batendo um papo sobre poesia e cultura. Em dezembro último, Vaz completou 30 anos de carreira.

 

 

Galeria

A foto mostra em primeiro plano pessoas sentadas olhando em direção ao palco onde está Sergio Vaz e a professora Luciana Coronel.

Participação Sérgio Vaz na Semana Acadêmica de Letras.

Altemir Viana