A natureza nos ensina a aceitar a diversidade

Afirmação é do prof. dr. Nilton Fischer, que abriu o 2º Congresso Nacional de Alfabetização e Educação Ambiental

Abrindo a programação de conferências do 2º Congresso Nacional de Alfabetização e Educação Ambiental, na noite de quarta-feira, o prof. dr. Nilton Bueno Fischer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, fez um convite aos participantes, para que se espelhem na natureza, que aceita e dá lições de diversidade do mundo e da vida. Este novo olhar vai levá-los a questionamentos, análises e auto-processos de aprendizagem para uma nova relação com a natureza.

O professor, que trabalha com educação popular e ambiental, questiona o modelo de ciência que se faz hoje, que considera predatório. Ele defende que todos os saberes são possíveis e que, ao contrário do que ocorre na sociedade hoje e, em especial nas escolas, não se pode descartar algo considerado errado, o que não está previsto, o que sobra. Entre estas sobras, estão as experiências de todos os tipos, sejam científicas, populares ou místicas. Nenhum cientista pode desprezar um conhecimento por ser popular, místico ou mágico, porque isto faz parte da diversidade e não podemos nos fixar num modelo único, diz Fischer.

Ele assegura que alfabetizar para habitar a Terra (tema da palestra) significa valorizar todos os saberes presentes na cena humana, todos os olhares presentes no meio ambiente, buscar soluções para as diárias agressões ao meio ambiente que todos praticam, em maior ou menor escala. Para isto, é preciso que o homem e o educador em particular seja mais humilde, menos onipotente e passe a aprender com o que lhe é diferente. Reconhece que, de modo geral, a escola e o educador de hoje não estão preparados para esta nova visão, por que o currículo está muito fragmentado e competitivo entre si, com disciplinas sendo mais consideradas que outras.

Fischer diz que o professor tem que se autorizar, reafirmar a importância de sua área de conhecimento e integrar-se na interdisciplinariedade. Baixar a guarda e se pôr à disposição. Entender que é preciso integrar saber-curiosidade-busca-caminho, que é o que nos ensina Paulo Freire.

2º Conalfea O 2º Congresso Nacional de Alfabetização e Educação Ambiental foi aberto pelo reitor João Carlos Cousin no auditório do Cidec-Sul, Campus Carreiros da Furg. O evento vai até a noite de sexta-feira e conta com participantes oriundos de todas as regiões do País e quase todas as cidades do RS. O 1º Conalfea aconteceu em 2006, com 450 participantes no Teatro Municipal. A 2ª edição tem quase 700 participantes. Entre os educadores palestrantes, está o prof. dr. Joaquin Paredes Labra, da Universidad Autônoma de Madri.

Para uma das organizadoras do congresso, professora Susana Molon, o desafio do congresso e dos educadores, na sociedade do espetáculo, da banalização do sofrimento humano, da ganância pelo progresso econômico, do desrespeito à natureza e ao outro, da valorização da moral que julga o bem ou mal relativizando ou excluindo a ética, é transformar nossa sociedade e reinventar outros modos de vida, objetivando uma vida mais feliz.

 

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