AUDIOVISUAL

Estudantes da UFPel produzem documentário sobre Processo Seletivo Específico de Ingresso para Estudantes Transgêneros

Gabriel Veríssimo e Juliana Pontes são acadêmicos do último ano do curso de Jornalismo

Photograph: Divulgação

Produzido durante a cadeira de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), o documentário “Portas Abertas” - lançado na última sexta-feira, 1 - aborda como temática central o Processo Seletivo Específico de Ingresso para Estudantes Transgêneros da FURG. A obra, de autoria dos acadêmicos Gabriel Veríssimo e Juliana Pontes, explora tanto a evolução das ações afirmativas na instituição quanto histórias de estudantes que ingressaram por meio dessas oportunidades.

Segundo Juliana, a ideia de fazer um TCC em dupla existia desde o início do curso, considerando a amizade e os interesses profissionais divididos com o colega Gabriel Veríssimo. “Produzir um conteúdo audiovisual era algo que fazia sentido para nós. Acabamos empolgados com a ideia de produzir um documentário e, desde então, estava decidido que este seria o nosso Trabalho de Conclusão de Curso”, recordou a estudante.

De acordo com a dupla, chegado o momento de decidir a temática central do estudo, foram cogitadas diversas ideias relacionadas com questões sociais. “A motivação para isso veio do intuito de produzir um conteúdo no qual acreditamos ser relevante para a sociedade, e assim chegamos na pauta abordada pelo documentário. Sempre achamos de extrema importância dar voz as pessoas trans, grupo que é sistematicamente silenciado e marginalizado”, adicionou Juliana.

Com pouco mais de 21 minutos de duração, o documentário – disponível no Youtube - traz entrevistas com estudantes que ingressaram na FURG por meio do Processo Seletivo Específico para Estudantes Transgêneros, além de contar com a participação, também, do vice-reitor, Renato Duro Dias; da coordenadora de Ações Afirmativas, Inclusão e Diversidades, Simone Freire; da vice-líder do Grupo de Pesquisa Sexualidade e Escola (Gese), Joanalira Magalhães; e da presidenta da Associação LGBT do Rio Grande, Fabíula Weickamp.

Combate à desinformação: motivação

“Ficamos sabendo do processo seletivo no ano do primeiro edital, em 2022, por meio dos materiais de divulgação da FURG. Na época trabalhávamos em um veículo de comunicação local, o que nos deu a oportunidade de acompanhar de perto a repercussão do caso e a enorme quantidade de desinformação e discurso ódio que eram espalhados pelas redes sociais”, explicou Juliana. A estudante conta que, motivados por essa observação, a dupla entendeu a importância da pauta, e além disso, a importância de produzir materiais jornalísticos responsáveis sobre o tema para combater a desinformação e proporcionar ainda mais visibilidade para a causa.

Sobre o documentário

Durante as gravações, a dupla conta que utilizou três câmeras, dois microfones e dois tripés de seu acervo pessoal para fazer a captação de imagens e áudio, além de equipamentos de apoio fornecidos pela UFPel em caso de emergência. O documentário foi produzido inteiramente pelos dois estudantes, desde a organização do cronograma, contato com fontes, entrevistas e gravações, até a edição do material bruto. 

Desafios e aprendizados

“Entendemos a importância de ser apenas amplificadores desta pauta. Sendo pessoas cis, não nos colocamos como narradores da história, sendo ela contada inteiramente pelos especialistas da FURG envolvidos no edital e, principalmente, pelas estudantes que ingressaram pelo processo seletivo”, contou a dupla.

Durante a fase de escolha dos entrevistados, Juliana e Gabriel optaram pela inserção de duas pessoas que ingressaram pelo Processo Seletivo Específico em anos distintos, uma vez que essa dinâmica proporciona uma visão longitudinal do processo como um todo.

Lançado o documentário e finalizado o processo de produção e montagem do documentário, os estudantes entenderam que o projeto os permitiu uma compreensão mais profunda da importância das produções jornalísticas sobre temas que impulsionam mudanças sociais. “Percebemos cada vez mais a responsabilidade do jornalismo em dar voz àqueles que não ocupam os holofotes da grande mídia, reconhecendo a necessidade premente de amplificar as vozes daqueles que precisam de visibilidade e apoio. Destacamos também a relevância da FURG em adotar este tipo de ação afirmativa, e ficamos felizes em promover com o trabalho uma visibilidade para esta instituição que promove a inclusão de pessoas que, majoritariamente, são postas à margem da sociedade”, concluíram os graduandos.