SERDAF

São Lourenço do Sul recebe 2º Seminário Regional sobre Desenvolvimento e Agricultura Familiar

Evento promove reflexões e debates sobre o tema a partir da perspectiva de distintos atores

Foto: Fernando Halal/Secom

Os pavilhões da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) estiveram movimentados nos últimos três dias com a realização da segunda edição do Seminário Regional sobre Desenvolvimento e Agricultura Familiar (Serdaf). O evento é promovido pela FURG São Lourenço do Sul e envolve a comunidade acadêmica, representações governamentais e a sociedade civil organizada.

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"Através da família, da escola e das instituições de ensino superior, eu penso que aprendemos a valorizar o que é nosso, a nossa cultura, a nossa gastronomia, aquilo que é do nosso povo", considerou a professora Carmem Porto, vice-diretora do campus lourenciano e proponente do seminário. "Assim, pensamos em criar vários espaços, além de todos os painéis sobre diferentes temas, que mostram toda a riqueza dos projetos de pesquisa, extensão e ensino da FURG no campus São Lourenço do Sul, bem como projetos de professores e estudantes da rede municipal de ensino", disse ela.

Para o diretor do campus da FURG em São Lourenço, Eduardo Vogelmann, a agricultura familiar e o campus "têm uma conexão umbilical. O campus SLS foi pensado com cursos que, em sua maioria, dialogam com essa questão. Temos uma quantidade muito grande de propriedades familiares aqui na região e é necessário refletirmos a agricultura familiar para o futuro".

O superintendente estadual do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Milton Bernardes, elogiou a riqueza da diversidade proposta pelo seminário e abordou temas atuais que preocupam a categoria. "Queremos fazer um debate mais amplo sobre a cadeia produtiva do leite, mesmo entendendo a importância da importação", observou. Desde os decretos editados em 2022 que permitiram o aumento da importação de leite e seus derivados, a cadeia produtiva alcançou, neste ano, uma situação emergencial que vem sendo enfrentada pelo governo federal com medidas de fiscalização.

Superintendente estadual do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), José Cleber Dias de Souza detalhou temas como segurança sanitária nos cultivos e criações, e a agenda de regulamentação da transformação de produtos agropecuários proposta pelo Ministério. "É preciso garantir que nós tenhamos condições de continuar implementando nossos sistemas de produção no país", destacou.

Roni Carlos Bonow é representante do Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (Capa), organização da sociedade civil criada no final da década de 1970, num momento em que famílias agricultoras eram expulsas do campo pelo modelo de desenvolvimento chamado Revolução Verde - um pacote de modernização baseado na produção agrícola em grande escala, no uso intensivo de agrotóxicos e na mecanização, o que rompia com a lógica da agricultura familiar. Integrando a mesa de abertura do evento, Bonow relatou que o Centro tem atuado em diferentes territórios do sul do Brasil, "acompanhando famílias agricultoras, de comunidades quilombolas, indígenas, assentamentos da Reforma Agrária, pescadores, coletivos de catadores e comunidades da periferia, fazendo um trabalho voltado ao desenvolvimento de uma cultura de base ecológica".

Segundo Nilo Dias, agricultor agroecológico quilombola que se deslocou da região rural de Pelotas até o evento na AABB, o surgimento de políticas públicas específicas, a partir de 2004, trouxe luz à comunidade quilombola. "A gente vem caminhando junto com esse tipo de evento. Para nós, é de extrema importância ter a chance de, além de ouvir, trazer as demandas da nossa comunidade e também mostrar os avanços que tivemos mais recentemente", ressaltou o agricultor.

Preservação ambiental e exposições
Questões climáticas e de preservação ambiental também ganharam evidência durante o 2º Sedarf. Originado de uma ação da Acolhida Cidadã, o projeto de extensão Mutirão e Remada Ambiental para Conservação das Águas de São Lourenço do Sul apresenta uma mostra cultural ao público, exibindo fotos e objetos confeccionados a partir de resíduos recolhidos em mutirões nas águas do Arroio São Lourenço. Alunos e alunas dos cursos de Educação do Campo e Agroecologia da FURG integram a equipe de colaboradores.

O projeto de extensão Pancpop, que populariza o uso de plantas alimentícias não convencionais, marca presença com a exibição de mudas como jambu, mastruz, bertalha-coração, espinafre-de-okinawa, lírio-dos-incas, taioba-roxa e peixinho-da-horta.

Ao longo dos três dias do seminário, houve espaço ainda para visitação de escolas da rede municipal de ensino, exposições de artesanato e outros projetos da FURG, como o Laboratório Maréss e Mulheres Quilombolas SLS.

Segue abaixo a programação desta sexta-feira, 6, terceiro e último dia do 2º Sedarf.

6 de outubro

Manhã
9h - 12h
Painel: Rede Pública Municipal: boas práticas das escolas como espaço de desenvolvimento coletivo

Tarde
13h30 - 15h
Mesa 1: Educação: contextos e perspectivas
Mediação de Juliana Soares (Capa), com Jane Felipe de Souza (Programa de Pós-graduação em Educação/Ufrgs), Reginete Bispo (deputada federal) e Escola Família Agrícola da Região Sul

15h30 - 17h
Mesa 2: Alimentação e segurança alimentar
Mediação de Roni Carlos Bonow (Capa), com Valdo Cavallet (Universidade Federal do Paraná - Campus Litoral), Elvino Bohn Gass (deputado federal e vice-líder do Governo na Câmara), Juliano de Sá (Presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Rio Grande do Sul) e Wanda Griep Hirai (Universidade Federal de Alagoas)

Encerramento do evento: 17h- 18h

 

 

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Evento promoveu reflexões e debates sobre o tema a partir da perspectiva de distintos atores

Fernando Halal/Secom