ENCERRAMENTO

Uma feira feita de histórias, vozes e, principalmente, pessoas

49ª edição ficou marcada pelo protagonismo dos coletivos negros e a diversidade de sua programação cultural

Foto: Hiago Reisdoerfer/Secom

Após 12 dias de atividades literárias, artísticas e culturais, chegou ao fim na noite deste domingo, 28, a 49ª edição da Feira do Livro da FURG. Neste ano, o evento reforçou as alterações feitas na edição passada, especialmente o período de realização, possibilitando a visitação das escolas do município e, também, dos estudantes da universidade. Marcada por seu caráter tradicionalmente agregador, durante o seu último dia, foram destaques da programação o Sarau Terezas – Confluências Negras; a entrega do troféu Poeta Pobre, oficinas de hip-hop e poesia; encontro de coletivos negros e o show da Escola de Samba Unidos da Rheingantz.

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Nesta edição, a feira trouxe como tema “Escritas, Presenças e Existências Negras”, com o artista Alisson Affonso como patrono. A programação cultural e literária do evento foi construída em parceria com os coletivos negros da região, o que proporcionou uma diversidade histórica. Outra grande novidade da 49ª Feira do Livro foi a presença da equipe e do acervo do Núcleo de Memória Engenheiro Francisco Martins Bastos (Nume).

Participação das escolas

Diferente do período anterior de realização da feira – durante o verão -, a proposta atual de realização durante o outono permite que diferentes públicos possam transitar pelo evento e suas atividades. No caso, uma das prioridades da organização é aproximar as escolas do município com a universidade. Nesta edição, de 22 a 26, foram mais de 2.400 estudantes, divididos em 56 escolas.

Encerramento

Para o encerramento oficial, estiveram presentes na Arena Cultural o reitor da FURG, Danilo Giroldo, o vice-reitor, Renato Duro Dias, o pró-reitor de Extensão e Cultura, Daniel Prado e o patrono, Alisson Affonso.

“Parece mentira tudo isso. Depois de tantos anos participando como um mero espectador, nesta 49ª edição da Feira do Livro da FURG, tive a honra de participar dessa vez como patrono; e, como patrono, pude também participar da organização da feira”, iniciou sua fala de encerramento Alisson Affonso. “Nunca imaginei que, mesmo durante os nossos grandes devaneios, o evento pudesse ter se tornado tão grande quanto se tornou nesses 12 dias. Perdi a conta de quantas vezes fui abraçado e homenageado pelas pessoas, ou do carinho e dos cafés que recebi. Quero agradecer de coração aos coletivos e a comunidade que me receberam tão bem, e também estender os agradecimentos a essa cidade que tanto amo”, completou.

Em 2023, a feira bateu dois recordes importantes de público, sendo eles a edição com maior participação de pessoas negras e, também, a edição com a maior participação de estudantes da rede pública.

De acordo com Daniel Prado, a realização de mais uma edição da Feira do Livro da FURG representa mais do que a conclusão de uma etapa de vida da universidade, mas sim, um passo em conjunto com a comunidade que ajuda a construir e tornar viva a experiência literária e cultural do evento. “Esta edição abordou um tema que é muito importante para nossas vidas enquanto coletivo. Uma das grandes dívidas históricas que temos é o reconhecimento do tamanho da tragédia da escravidão no Brasil que até hoje deixa um legado de dor e sofrimento em nosso povo. Uma das formas de compensação são as ações culturais, afirmativas e extensionistas que as nossas universidades realizam em todo território nacional”, detalhou o pró-reitor.

“Nesses últimos quatro anos, foram travadas inúmeras guerras injustas e ataques à educação pública, em especial por meio da destruição orçamentária. E, mesmo assim, a FURG entendeu a importância da feira e decidiu lutar pela sua realização. Construímos essa edição voltada para a pauta antirracista e ressaltamos que ela não deve ser vista como uma ação isolada, em honra aos nosso ancestrais, aos lutadores sociais e todos defensores dos direitos humanos, é importante que o tema seja abordado frequentemente e constantemente, para que surtam efeitos práticos no nosso cotidiano comunitário”, finalizou Daniel.

Para o reitor, a representatividade durante todas as etapas da feira foi a grande potência transformadora do evento, em especial, a capacidade de articulação com os movimentos e coletivos sociais negros da região, responsáveis pela diversidade e potencialidade de toda programação do evento. “Quando vemos o resultado de toda essa interação, percebe-se a grandiosidade que essa iniciativa possui. Uma feira colorida e representativa, com muitas atividades de altíssima qualidade e que promovem muitas reflexões sobre cultura, arte, memória e, claro, representatividade”, pontuou Danilo.

“O melhor indicador de sucesso desta feira é poder ver as pessoas desfrutando dos espaços propostos e engajadas junto às atividades. Esses 12 dias representam a união do trabalho de muitas pessoas, é a engrenagem inteira da universidade dedicada para proporcionar exclusivamente este momento. E quando a comunidade compra essa ideia, ajuda a construir e disfruta de tudo que é proposto, aí está o grande indicativo de sucesso e a compensação por todo esforço empenhado”, concluiu o reitor.

Entrega do troféu Poeta Pobre

Pensado pelo patrono Alisson Affonso para homenagear pessoas negras e seu importante trabalho realizado nas mais diferentes áreas, foi criado o troféu Poeta Pobre, para celebrar e imortalizar a vida e a obra de Írio Rodrigues, artista papareia que ficou conhecido como “O Poeta Pobre”.

Nesta primeira entrega da premiação, os homenageados foram: Ivone do Bará, por sua contribuição na cultura e religião de matriz africana; Mestre Saci e Graça Amaral, homenageados por suas contribuições nos movimentos sociais; Paulo Jamaica e Sandra Lee, homenageados por suas contribuições nas artes; João Ferreira e Julieta Amaral, homenageados por suas contribuições na comunicação; Alexandre Luis dos Santos (Bolo) e Gisele Machado, homenageados por suas contribuições na dança.

Unidos da Rheingantz

Por fim, concluindo as atividades culturais da feira, apresentou-se no palco da arena cultural a Escola de Samba Unidos da Rheingantz, campeã do carnaval da cidade do Rio Grande em 2018. Com seu samba-enredo autoral, porta-bandeira, rainha de bateria e mestre-sala, o grupo fez a festa nos últimos momentos da 49ª edição da Feira do Livro da FURG.

Livros mais vendidos

De acordo com o Sistema de Bibliotecas (SiB) da FURG, foram vendidos 6.717 livros nas bancas da feira. O procedimento de coleta foi realizado diariamente, registrando os três livros mais vendidos e a quantidade de obras vendidas em cada banca. No último dia, foram contabilizados o total geral, a média diária e os livros que tiveram maiores incidências entre os três mais vendidos de cada livreiro. Confira a seguir o top 10 obras mais vendidas.

Posição - Título - Autor

1º - A Miraguaia e o Pescador – Ivonei Peraça e Wagner Passos (Ilustrador);

2º - O Pequeno Príncipe: uma história na África – Adriana Fraga da Silva, Artur Henrique Barcelos e Alisson Affonso (Ilustrador);

3º - O boto Charlie - Ivonei Peraça e Wagner Passos (Ilustrador);

4º - Aqua Books (diversos);

5º - Rita Lee: outra autobiografia – Rita Lee;

6º - Do Mil ao Milhão: sem cortar o cafezinho – Thiago Nigro;

7º - Livros com aquarela (diversos);

8º - Livros de atividades (diversos);

9º - Frantz Fanon (coleção filosofinhos) – André Nicolitt;

10º - Mangás (diversos).

 

Galeria

49ª edição ficou marcada pelo protagonismo dos coletivos negros e a diversidade de sua programação cultural

Hiago Reisdoerfer/Secom