Com o objetivo de verificar o impacto da exposição de smartphones e tablets no desenvolvimento infantil de crianças de 24 a 60 meses de idade residentes de Rio Grande, o “Projeto Smartkids”, trata-se de um estudo de coorte prospectivo que será realizado pela Faculdade de Medicina (Famed). De acordo com o coordenador da pesquisa, Michael Pereira, o início da coleta de dados está previsto para o mês de setembro deste ano, e término programado para agosto de 2027.

Realizado por meio de entrevistas telefônicas ou - na impossibilidade desta modalidade -, por meio de visita domiciliar, com a mãe ou cuidador da criança, o projeto visa estudar os impactos das telas interativas no desenvolvimento infantil, uma vez que este impacto ainda não é totalmente conhecido pela ciência. Contudo, de acordo com o professor Michael Pereira, da Faculdade de Medicina (Famed), e coordenador da pesquisa, acredita-se que essa exposição possa estar associada a prejuízos em alguns constructos, como cognição, motricidade (ampla), linguagem, socioemocional e comportamento adaptativo. Em função da falta de apontamentos científicos sobre o tema, especificamente do uso de telas interativas, não se descarta a possibilidade de uma associação protetiva, principalmente relativas à motricidade fina.

Os integrantes do Projeto estão lotados na Famed, na figura dos professores Samuel de Carvalho Dumith, Mirelle de Oliveira Saes e Pamela Moraes Volz; e dos doutorandos Djalma Carmo da Silva Junior, Rinelly Pazinato Dutra e Yasmin Marques Castro; a equipe é coordenada pelo supracitado docente, Michael Pereira.

Segundo o coordenador, a motivação para a pesquisa nasce da observação empírica da realidade composta pelo fácil – e estimulado -, acesso à utilização de smartphones e tablets em fases iniciais da vida. Soma-se a isso a já citada escassez de estudos sobre o impacto de tal exposição no desenvolvimento dessas crianças, principalmente estudos longitudinais. “Venho organizando minhas ideias e esforços enquanto pesquisador para a construção desse projeto há cerca de quatro anos. Com meu ingresso como professor na FURG, em 2020, encontrei os parceiros e a estrutura da Famed e dos programas de pós-graduação em Saúde Pública e de Ciências da Saúde, necessários para dar vida ao projeto”, explicou Michael.

o Projeto SmartKids foi contemplado com o edital de auxílio ao recém doutor/contratado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs), obtendo financiamento para os primeiros 24 meses de realização da pesquisa.

Como serão escolhidos os participantes?

Participarão do estudo mães ou cuidadores principais de crianças nascidas na cidade do Rio Grande entre setembro de 2021 e agosto de 2022. Os dados foram obtidos por meio de registros de nascimentos vivos ocorridos na maternidade do Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. (HU-FURG/Ebserh) após a aprovação da Gestão de Ensino e Pesquisa do Hospital e do Comitê de ética em pesquisa da FURG.

A faixa etária selecionada se caracteriza em função de representar um período de grande desenvolvimento e marcos importantes em aspectos global e nos domínios: cognitivo, comunicação e linguagem (expressiva e receptiva), coordenação motora grossa e fina e aspectos socioemocionais.  “A escolha dos 60 meses foi mais operacional (mudança de instrumentos para avaliar alguns comportamentos da criança em idades maiores que 60 meses) do que teórica. Contudo, a depender dos achados do estudo, temos em mente a extensão desse acompanhamento para fases mais avançadas da infância”, esclareceu Michael.

Acompanhe o portal FURG.br para mais informações sobre os avanços da pesquisa ao longo das próximas etapas.