PRÁTICA DOCENTE

Residência Pedagógica da FURG realiza ação sobre valores humanos com escola do campo lourenciana

Sensibilização foi proposta para estudantes dos anos finais da EMEF Germano Hübner

Foto: Divulgação

No dia 6 de junho, estudantes dos anos finais da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Germano Hübner, situada em Santa Tereza, interior de São Lourenço do Sul, foram convidados a refletir sobre valores humanos junto ao grupo do Programa Residência Pedagógica da FURG.

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Em sua segunda edição na universidade, a Residência Pedagógica (RP) é uma das ações que integram a Política Nacional de Formação de Professores do Ministério da Educação (MEC), e é destinada a estudantes em final de cursos de Licenciatura.

A turma de residentes de São Lourenço do Sul é composta por seis estudantes do curso de Licenciatura em Educação do Campo, que estão sendo acompanhadas pela professora preceptora Ana Paula Izé, da EMEF Germano Hübner, e pela professora orientadora Janaína Lapuente, docente da FURG. O grupo integra o Grupo de Trabalho 3, uma parceria entre os campus de São Lourenço do Sul e Santo Antônio da Patrulha, que juntos compõem o subprojeto interdisciplinar Ciências Exatas e Educação do Campo.

O objetivo da RP é oportunizar aos futuros professores uma formação que promova a articulação entre teoria e prática profissional docente, por meio da imersão no contexto escolar e da criação e participação em práticas inovadoras, inclusivas e interdisciplinares, favorecendo a construção da professoralidade em redes de aprendizagem colaborativa.

Sensibilização pela cultura da paz nas escolas

A pedido da escola, foi realizada uma sensibilização acerca dos valores humanos no ambiente escolar com alunos do 6º a 9º ano do Ensino Fundamental. A proposta foi construída por meio de um planejamento colaborativo prévio, desenvolvido em encontros presenciais entre os integrantes de São Lourenço do Sul.

A orientadora Janaína conta que as residentes perceberam um grande conhecimento dos estudantes sobre os valores humanos, e a partir disso, dialogaram sobre como é possível colocar esses valores em prática. A partir de dinâmicas, o grupo promoveu uma discussão sobre situações cotidianas e escolares envolvendo os valores humanos.“Buscamos sensibilizar o grupo abrindo um espaço de escuta e partilha de emoções, sentimentos e vivências, conversamos sobre o que é possível fazer quando valores humanos estão sendo desrespeitados”, diz.

As ações desenvolvidas com as turmas foram diversas, a partir das necessidades trazidas pela equipe diretiva e do planejamento traçado pelas residentes. Inicialmente foi realizado um trabalho com cada turma do 6º ao 9º ano e, depois do recreio, foi proposta uma atividade de integração no auditório da escola em dois grupos: 6º /7º ano e 8º/ 9º ano. Foi exibido o vídeo “Vírus da Gentileza” e aberto um espaço para que cada um pudesse expor sua interpretação sobre a produção audiovisual.

A dinâmica final foi realizada na sequência, como explica Janaína: “Eles receberam um barquinho de papel colorido e mais um papel. Nesse papel, foram convidados a registrar coisas boas que acontecem no dia a dia deles, sentimentos, lembranças, vivências em casa e na escola que eles consideram que são positivas. Depois, fomos convidando eles a colocarem esse barquinho de papel numa bacia com água, explicando que tudo que é positivo na vida da gente, tudo que a gente consegue fazer com o outro, com os colegas, em comunidade, na escola, a gente precisa agradecer, e deixar esses sentimentos fluírem e irem contagiando os outros”.

A atividade continuou com o registro de situações negativas em que os valores humanos são desrespeitados. “Depois disso nós entregamos um papel para que eles escrevessem sentimentos, situações, vivências tristes e dolorosas, coisas que passaram na vida, preconceitos que eles gostariam que fossem eliminados. Eles podiam rasgar esse papel ou amassar. E foi muito forte, a maioria rasgou os papéis. As residentes retomaram no final do encontro, dizendo que: “essas situações possam ser eliminadas da vida da gente, que a gente consiga fazer essa reflexão no dia a dia e buscar um bom relacionamento com o grupo, com os professores e na vida em sociedade’” conta a orientadora, apontando que o respeito, a valorização consigo e com os outros foram pontos bastante discutidos nas dinâmicas.

Próximos passos

Após a imersão junto à escola, está prevista uma reunião de avaliação interna entre o grupo e um retorno a equipe diretiva e corpo docente da escola. Entre os aspectos já percebidos, Janaína menciona que as residentes notaram a necessidade dos estudantes terem um espaço de diálogo, mas também de escuta. “As residentes que trabalharam com as turmas conseguiram fazer essa escuta e os estudantes conseguiram dialogar sobre suas dificuldades, emoções, conquistas, fatos da sua vida que eles consideram positivos e sobre o que pode ser melhor”.

A orientadora salienta que o trabalho sobre valores humanos não pode ser algo pontual, e sim, que precisa acontecer ao longo do ano, por dentro de várias disciplinas, de preferência com abordagens interdisciplinares, algo que foi discutido com a equipe diretiva da EMEF Germano Hübner, que inclusive expôs o seu desejo em realizar um trabalho voltado exclusivamente aos docentes em formação. Para auxiliar no processo, o grupo de RP indicou a live “Educação para a paz e a formação de professores”, realizada no início do mês pelo Centro de Formação e Orientação Pedagógica da FURG e que dialoga com a proposta desenvolvida na escola.

Janaína também conta que a experiência ajudou as residentes a perceberem que para além do conteúdo precisam estar atentas e comprometidas com a formação humana dos estudantes. Essa dimensão precisa ser trabalhada em conjunto com o conteúdo previsto no plano de ensino, já que no futuro ministrarão a disciplina de Ciências. “É importante nós fazermos um trabalho por dentro das Ciências, resgatando a questão dos valores, do respeito, da diversidade, todo um trabalho para além do conteúdo, precisamos ter uma preocupação com a formação integral dos sujeitos”, explica. Segundo ela, a possibilidade de vivenciar isso na RP contribuirá para a formação inicial das estudantes do Curso de Licenciatura em Educação do Campo, assim como para a formação continuada dos docentes da escola atendida.

 

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Sensibilização foi proposta para estudantes dos anos finais da EMEF Germano Hübner

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